Falar e ser compreendido é o objetivo de toda boa conversa. Mas quem nunca se deparou com uma situação de falar A e entenderem B e, ao tentar consertar, a mensagem acaba ainda mais distorcida? Isso acontece quando não se estabelece uma conexão entre o emissor e o receptor, gerando um ruído.
Existe um conceito chamado Comunicação Não Violenta (CNV) cujo objetivo é alinhar a linguagem com a maneira de se expressar de acordo com o que sentimos e precisamos. Com isso, busca-se uma verbalização mais verdadeira, confiável e que gere um vínculo entre ambas as partes.
A CNV não é uma tentativa de resolver problemas, mas, sim, oferecer consciência de si, de como o outro nos afeta e de como reagimos. Para isso, antes de iniciar uma conversa, um relacionamento ou negociação, é preciso utilizar quatro componentes:
Observação (ouvir): O que realmente aconteceu? A observação ajusta o nosso foco de atenção para perceber além do que foi dito e também o que não foi dito. Analisar os fatos sem julgamentos ou pré-conceitos e prestar atenção em todos os cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar.
Sentimentos (indagar): Quais sentimentos surgem a partir disso? É perceber como os acontecimentos nos afetam e compreender cada sentimento sem misturar com o que estamos pensando.
Necessidades (compreender): O que eu preciso de verdade? É o que nos motiva a dar o próximo passo, seja por segurança, conforto, liberdade, etc. Geralmente, misturamos as necessidades com as estratégias que estamos usando para atendê-las.
Pedido (argumentar): Seja claro e positivo! É a forma que você se expressará para ter o que deseja. É preciso dizer de forma bem específica o que se quer e de forma positiva. A outra pessoa precisa saber exatamente o que se espera dela. Estabelecer prazo e não gerar expectativas. É um pedido e não uma exigência. Precisamos estar abertos ao não.
Ao conseguir expressar o que sentimos e precisamos, nos tornamos mais verdadeiros e confiáveis. Como consequência, essas qualidades transbordarão para as outras pessoas que estamos nos relacionando. Essa ligação aumenta a probabilidade de resolver qualquer questão.
A Comunicação Não Violenta não é uma forma de manipulação para se obter resultados em diálogos difíceis. É um processo que surgiu a partir da observação da resistência pacífica de grandes líderes que enfrentaram realidades violentas. O oposto das experiências negativas que uma postura defensiva e reações por meio da violência geram.
A CNV pretender construir uma cultura de paz com a busca da empatia e compaixão como forma de conexão na comunicação verbal e não verbal, gerando a prática da transformação. Encontrar um caminho de reconhecimento próprio para traduzir falas em necessidades e compreender a experiência do outro. É importante estabelecer a conexão antes de propor a solução, e saber ouvir e falar a verdade com clareza, honestidade e respeito sem ferir o outro.